Why have kids? - um livro controverso

Eu gosto de livros controversos, gosto de sentir o meu estomago a remexer, o meu pudor a retrair-se em choque, a minha irritação a aumentar e fazer-me transpirar :-)


Geralmente acabo os livros controversos com a sensação que aprendi alguma coisa, ou melhor do que isso, mais tolerante com as pessoas que pensam de forma dierente ou vivem experiências diferentes que - se não fosse o livro - eu não teria oportunidade de conhecer.

Este livro fez-me sentir revoltada algumas vezes, mas aprendi imenso!
Aprendi que as mulheres grávidas são muitas vezes tratadas como vasos e nada mais; que as mulheres que têm não querem ter filhos são ostracizadas e não respeitadas pelas suas escolhas; que as mães que trabalham fora de casa se cruzam pelo menos uma vez na vida com uma pessoa que acha que as crianças são mais saudáveis quando as mães ficam em casa; que ainda há pessoas que pensam que filhos de casais do mesmo sexo vão ter problemas graves (ninguém sabe dizer quais, mas vão)...

Se forem como eu, vão concordar com muito do que é dito, vão discordar de outras coisas, mas de uma forma geral vão sair destas páginas com mais ums gramas de tolerância e abertura para situações que nunca imaginamos...

The Cost of Sugar



Uma das muitas vantagens de participar num bookclub numa terra que não é a nossa, é a oportunidade de ler clássicos que nem sequer sabíamos que existiam...
:-)
The cost of sugar é um clássico do colonialismo holandês e conta a história da escravidão nas plantações de cana de açúcar no Suriname. O livro começa por se focar na história de uma família proprietária de uma plantação que vê as suas filhas casarem com donos de outras plantações (numa altura em que o casamento era tudo a que uma mulher podia aspirar), formar família, ver o negócio florescer...
Mas nas entrelinhas há uma outra história que se conta: a história dos escravos, das suas próprias famílias, dos castigos e do desejo de liberdade, dos ataques às plantações pelos rebeldes e a vingança sobre os brancos...
O facto de o livro citar algumas referências bibliográficas torna o livro mais credível e significativo.
A escravidão é uma parte inegável da história portuguesa e estes livros revelam-se muito mais perturbadores sabendo eu que nós fizemos coisas semelhantes...

Prix Goncourt

Depois de Leila Slimani ter ganho o Prémio Goncourt em 2016 com o livro "Chanson Douce", comecei a seguir o prémio literário francês com mais atenção e decidi incluí-lo aqui no blog :-) pode ser que consiga convencer alguns de vocês a ler (também) em francês :-D

Então há uns dias o Prémio Goncourt 2017 foi atribuído ao escritor e realizador Éric Vuillard pelo livro "LÓrdre du jour", um trabalho baseado em documentos históricos que revelam os negócios obscuros por trás dos Nazis e a sua campanha de anexação da Áustria em 1938.


Vale a pena relembrar que o Prémio Goncourt é o maior prémio literário francês!