Abraçar o conceito "DNF"

Eu gosto de começar coisas novas. Lápis, canetas, cadernos. E gosto de usar sempre os mesmos até os acabar. No trabalho ponho etiquetas com o meu nome nos meus lápis e canetas para ninguém mos roubar (e já todos sabem da minha "condição" por isso ninguém se atreve...).
Neste contexto, acho que é fácil de perceber que eu não gosto -- NEM POR NADA -- de deixar livros a meio.
Para além do sentimento de realização de acabar uma coisa que se começa, outros sentimentos entram em jogo quando se trata de livros (e que me estou a borrifar quando se tratam de canetas), por exemplo:
- não conseguir desistir: "é no próximo capitulo que isto vai ficar interessante, se eu desistir agora não vou conseguir perceber o quanto este livro é bom"
- sentimento de culpa ou desrepeito pelo autor: "este tipo passou meses a escrever isto e eu não consigo apreciá-lo ao fim de meras 50 páginas?!"
- sentimento de inferioridade "se calhar sou eu que não estou a perceber o conceito da coisa"

Contudo, só não evolve quem é burro e eu tenho de deixar de me comportar como uma deficiente mental. E por isso, nesse esforço de me superar a mim mesma, tenho lido nos últimos anos muito artigos sobre o assunto e finalmente acho que consegui capturar algumas razões com as quais me sinto confortável para abandonar um livro:
- é uma perda de tempo
- pode resultar num "reading slump" ou, em PT, numa quebra no ritmo de leitura --> que é o caraças para recuperar...
- há demasiados livros no mundo que são mais compatíveis comigo do que este
- não significa que o livro é mau, posso simplesmente não estar na fase certa da minha vida para o ler

E assim, pela primeira vez em toda a minha vida de leitora, resolvi classificar 2 dos livros que ando a arrastar há meses como DNF, que vem do inglês "Do Not Finish" e, malta... é libertador!!!

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